A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) anunciou recentemente sua previsão para o crescimento da carteira de crédito no Brasil em 2025, indicando uma alta de 8,5%. Esse número foi ajustado para baixo em relação à previsão anterior, que apontava uma expectativa de 9% para o ano. A pesquisa da entidade, divulgada em 17 de fevereiro, revela que o cenário econômico atual e as expectativas para os próximos meses influenciaram essa revisão nas projeções.
Em 2024, o crescimento do crédito foi de 10,9%, de acordo com o Banco Central, mas a febre de otimismo dos anos anteriores dá lugar a um cenário mais cauteloso. A mudança na previsão para 2025 reflete a complexidade do contexto econômico, com desafios que podem impactar diretamente a expansão da carteira de crédito no país.
Cenário econômico e impacto no crédito
Segundo Rubens Sardenberg, diretor de Economia, Regulação Prudencial e Riscos da Febraban, o cenário econômico piorou, trazendo consigo uma expectativa de inflação mais elevada e, consequentemente, uma Selic maior em 2025. Esse fator é um dos principais responsáveis pela revisão das previsões de crescimento do crédito. O impacto dos juros mais altos sobre a economia influencia diretamente a capacidade de tomada de crédito por pessoas físicas e jurídicas, gerando incertezas no mercado.
A combinação de inflação mais alta e juros elevados pode levar à desaceleração do consumo e ao aumento da inadimplência, fatores que afetam a saúde da carteira de crédito e reduzem o ritmo de expansão. Empresas que dependem de crédito para financiar seus investimentos podem ser mais cautelosas em relação a novos empréstimos. Esse panorama, portanto, exige uma abordagem mais conservadora por parte dos bancos e instituições financeiras.
Perspectivas para o mercado de crédito em 2025
Apesar do cenário desafiador, a Febraban mantém uma expectativa de crescimento positivo do crédito para 2025. Contudo, a taxa de crescimento é inferior à registrada em anos anteriores. Com a projeção de 8,5% de aumento na carteira de crédito, a entidade acredita que o mercado ainda pode expandir, embora com um ritmo mais moderado.
O resultado do levantamento da Febraban também revela que 76,2% dos executivos dos 21 bancos entrevistados consideram que a taxa Selic deve superar os atuais 14,25% ao longo do ano. Esse cenário pode pressionar ainda mais as condições de crédito no país, o que exige que os bancos se preparem para um ambiente de maior risco e custos mais elevados.
Expectativas para a Selic e o câmbio
A expectativa de que a Selic continue em níveis elevados é uma das variáveis mais importantes para o crescimento do crédito em 2025. A alta dos juros dificulta a tomada de crédito, pois aumenta o custo dos financiamentos tanto para empresas quanto para consumidores. Em um contexto de juros mais altos, o crédito se torna mais caro e acessível a menos pessoas, o que pode frear a expansão da carteira de crédito.
A Selic também impacta diretamente as expectativas econômicas em termos de consumo e investimentos. O crescimento do crédito pode ser mais tímido caso os juros se mantenham elevados por mais tempo, o que exigirá uma adaptação do setor bancário para lidar com uma demanda menor por empréstimos.
Expectativa de depreciação do câmbio
Outro ponto destacado pela pesquisa da Febraban é a expectativa de uma ligeira depreciação do câmbio em 2025, com o dólar projetado para atingir R$ 5,95 até setembro. Esse cenário, embora moderado, pode gerar reflexos importantes para os bancos que operam com câmbio e para as empresas que têm suas operações impactadas pela variação cambial.
O câmbio influencia diretamente o custo das importações e a rentabilidade de empresas que dependem de insumos ou produtos do exterior. Caso o dólar se valorize ainda mais, pode haver um impacto sobre a atividade econômica, afetando os empréstimos voltados para empresas que importam e necessitam de crédito para financiar seus processos.
A inflação e o PIB em 2025
Em relação à inflação, a pesquisa da Febraban revela que a maioria dos entrevistados (47,6%) acredita que ela ficará próxima de 5,5% em 2025. Embora esse nível de inflação seja mais alto do que o desejado, ele reflete um cenário em que a inflação não chega a disparar, o que pode aliviar parte da pressão sobre a política monetária. Contudo, esse nível ainda é um fator a ser monitorado, pois qualquer descontrole pode impactar negativamente o mercado de crédito.
O controle da inflação é essencial para garantir que o crédito não seja comprimido por custos elevados. Uma inflação mais controlada pode ajudar na manutenção de taxas de juros mais baixas, o que ajudaria a fomentar o crescimento do crédito no Brasil.
Projeção de crescimento do PIB
No que diz respeito ao Produto Interno Bruto (PIB), a pesquisa mostra que mais da metade dos executivos entrevistados (52,4%) projeta uma alta de cerca de 2% para 2025. Esse crescimento moderado do PIB está em linha com a expectativa de um crescimento econômico mais equilibrado, após a recuperação da recessão nos últimos anos.
O crescimento do PIB é um dos principais motores da demanda por crédito, especialmente no setor produtivo. Um PIB com crescimento de 2% indica que a economia está em processo de recuperação, mas em um ritmo mais cauteloso. Esse fator deverá influenciar diretamente os empréstimos e financiamentos para empresas e consumidores no ano de 2025.
Considerações finais
Embora as expectativas para o crescimento do crédito em 2025 sejam mais moderadas do que no ano anterior, a previsão de alta de 8,5% ainda reflete um cenário de recuperação econômica, mas com desafios consideráveis. A Selic, a inflação e o câmbio desempenham um papel crucial nas projeções de crescimento da carteira de crédito no país.
Fonte: seucreditodigital
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